quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Lição nr. 8 - Aula prática



Identificação de Rochas Sedimentares / Identificação de ambientes sedimentares, magmáticos e metamórficos a patir da análise de cartas geológicas de diferentes regiões do país.



Visita de estudo a Arouca, agendada para Novembro. Uma primeira vista de olhos, no site
http://geologia.aroucanet.com/index.php?option=com_content&task=view&id=22&Itemid=49




Ainda estão lembrados da situação-problema? Eu recordo... extinção dos dinossáurios na fronteira K-T ?

Por que razão está o professor a pedir aos alunos que identifiquem as rochas?

A verdade é que algumas das características das rochas permitem-nos recuar no tempo e deduzir as condições ambientais (tanto físicas como químicas) que terão estado na sua origem.




a) O estudo de magmas e de lavas fornece elementos para se conhecer a composição do interior da Terra.


b) As rochas magmáticas extrusivas permitem inferir as condições de pressão e temperatura dos locais da Terra onde se formaram.


c) As rochas metamórficas deformadas permitem inferir as condições de pressão e temperatura dos locais da Terra onde se formaram.


d) As rochas sedimentares registam, muitas vezes, características da superfície terrestre aquando da sua formação (registo dos organismos que aí viviam, o clima, a energia do meio em que se formaram, etc).


e) O estudo das rochas sedimentares fossilíferas permite conhecer a existência, no passado, dos dinossáurios e de muitos outros seres vivos actualmente extintos.

E o Ciclo das Rochas, qual a razão do seu estudo?

A transformação das rochas, em resultado da dinâmica terrestre, "apaga" parte da história da Terra o que, por vezes, dificulta o seu estudo e a sua interpretação.



Página de apoio à lição (Link)

Nesta lição vou explorar a carta geológica de Sesimbra. Existe nesta região um Geomonumento Classificado, a Baía de Lagosteiros, onde existem diversos trilhos de Dinossáurios. Um pouco dessa história pode ser vista nesta página aqui.






Lenda da Nossa Sra. da Pedra da Mua


Reza a lenda que dois peregrinos viram Nossa Senhora a subir as arribas do Cabo Espichel montada numa mula gigante que deixou as suas pegadas bem marcadas na laje do Jurássico superior.


Nesse local, construíram um enorme complexo religioso, o que inclui um convento, uma igreja e a pequena Ermida da Memória onde se encontra painéis de azulejos que relatam a lenda. Entre eles está o seguinte, onde se vê as pegadas.Acontece que essas pegadas são de dinossauros saurópodes (ainda se podem ver actualmente no Cabo Espichel) e esta imagem acaba por ser uma das mais antigas ilustrações de pegadas de dinossauros que se conhecem.





Imagem publicada em: ANTUNES, M.T. & MATEUS, O. (2003). Dinosaurs of Portugal. C. R. Palevol, 2: 77-95.PDF































Durante a realização da actividade prática os alunos apresentaram dúvidas no que respeita a conteúdos leccionados no sétimo ano. De forma a tentar colmatar as dificuldades diagnosticadas decidi colocar aqui um pequeno resumo com conteúdos que considero serem básicos para a compreensão da génese das rochas sedimentares. No final podem ter acesso a este resumo em formato PDF.



ROCHAS SEDIMENTARES (GÉNESE)


O volume que as rochas sedimentares ocupam na constituição da crosta é de apenas 5%. No entanto, este tipo de rochas cobre uma extensa superfície, ocupando mais de 75% da área dos continentes.

Além da utilização de materiais sedimentares para o fabrico de cimento, muitas outras rochas sedimentares são recursos importantes no fabrico dos mais diversos produtos, como, por exemplo, o vidro e as peças de olaria.

O processo de formação das rochas sedimentares está intimamente ligado à origem, transporte e deposição dos materiais que as constituem. Estes materiais foram transportados pela água, pelo vento ou pelo gelo, sendo posteriormente depositados. Os ambientes onde pode ocorrer a formação de rochas sedimentares são os mais variados.

Ambientes de Formação





As rochas sedimentares, como já sabes, são registos excepcionais das condições existentes no passado à superfície da Terra, no momento da sua formação. Usando as evidências fornecidas por estas rochas, os geólogos podem realizar "viagens" ao passado geológico da Terra.


A história de uma rocha sedimentar começa com a formação dos materiais que a vão constituir.

Muitas das rochas que se encontram expostas à superfície terrestre estão, frequentemente, em desequilíbrio com o meio, já que se formaram em condições muito diferentes daquelas a que presentemente estão sujeitas. Deste modo, agentes como a água, o vento e os seres vivos alteram ao longo do tempo as várias rochas que a eles estão expostas. Essas rochas ficam sujeitas a processos físicos e químicos que provocam a sua alteração, sendo este mecanismo denominado genericamente por meteorização. Após a meteorização ocorre a erosão, ou seja, dá-se a remoção, normalmente seguida de transporte das partículas resultantes da meteorização.

Essa remoção e transporte é fundamentalmente feita através da água e do vento, e as partículas ou fragmentos são designados genericamente por detritos ou clastos. A duração do transporte depende do peso dos detritos e da velocidade do agente transportador. Durante este processo os materiais continuam a ser alterados e erodidos, tornando-se cada vez mais arredondados e pequenos, o que permite ao geólogo perceber a duração do transporte e a força do agente que o realizou.


Os detritos, quando a velocidade do agente transportador diminui, acabam por se depositar, devido ao seu próprio peso, constituindo sedimentos, sendo o processo denominado sedimentação.

Originam-se assim camadas sucessivas e sobrepostas de materiais sedimentares, que, como já sabes, formam os estratos. A estratificação é a disposição em camadas, inicialmente paralelas e horizontais, dos materiais que constituem as rochas sedimentares. Após a deposição, os sedimentos experimentam um conjunto de fenómenos físicos e químicos que transformam os sedimentos soltos em rochas sedimentares coesas, sendo este mecanismo designado por diagénese.

Se as condições de sedimentação se mantiverem, os sedimentos vão sendo cobertos por novos materiais que se depositam. Devido à compressão provocada pelo peso dos materiais que se encontram nas camadas superiores, os sedimentos tornam-se mais compactos e expulsam a água que contêm. A compactação acentua a estratificação e certos minerais tabulares podem começar a ficar alinhados devido à pressão que suportam. Os espaços vazios ainda existentes entre os sedimentos podem ser preenchidos por substâncias resultantes da precipitação de materiais dissolvidos na água de circulação. Essas substâncias constituem um cimento e vão ligar os sedimentos, formando-se uma rocha sedimentar coesa (agregada ou consolidada).

De acordo com a natureza dos sedimentos, podem considerar-se três grupos de rochas sedimentares: rochas sedimentares detríticas, rochas sedimentares quimiogénicas (de origem química) e rochas sedimentares biogénicas (bioquímicas).

Bibliografia

CARVALHO, A. G. (2003) – Geologia Sedimentar, Volume I – sedimentogénese. Lisboa. Âncora Editora. MOTTA, L. e outros (2007) – Bioterra 7º. Porto. Porto Editora SILVA, A.D. e outros (2007) – Planeta Vivo 7º. Porto. Porto Editora

Para saber mais (Rochas Sedimentares)


E as "pedras parideiras" de Arouca, professor? Esqueceu-se?
Não, mas para saberem a explicação geológica do que faz parir fragmentos de "biotite" da rocha, leiam este artigo de dois geólogos aqui.








3 comentários:

Unknown disse...

Cada vez me intusiasmo mais pela Geologia. Parabéns Nuno!

Fátima Neves

Unknown disse...

Peço desculpa que com o entusiasmo, escrevi intusiasmo
Fátima Neves

Nuno Correia disse...

Há um país lindo por conhecer. Apesar de também gostar de conhecer outros países, a nossa geo e biodiversidade merece ser conhecida. É um património de todos nós, e por vezes, passamos por ele, e não lhe damos o devido valor.