domingo, 26 de outubro de 2008

Lição nr. 14 - Terra e Planetas Telúricos

Síntese da aula

Os planetas clássicos são corpos celestes que estão em órbita à volta do Sol; têm massa suficiente para que a própria gravidade seja suficiente para que o corpo assuma a forma aproximadamente esférica e que tenha atraído para a sua superfície todos os corpos celestes na vizinhança da sua órbita. Os planetas, segundo as características físicas e químicas que apresentam, podem ser classificados em dois grandes grupos: planetas telúricos e planetas gigantes ou gasosos. Os planetas telúricos são assim chamados devido às semelhanças que apresentam com a Terra. Os planetas gasosos situam-se a grande distância do Sol e possuem grandes dimensões. Em torno da maior parte dos planetas orbitam numerosos corpos, especialmente em torno dos planetas gigantes, que se designam por satélites. A Lua é o único satélite da Terra.

Planetas anões - Segundo a UAI, são corpos celestes que estão em órbita à volta do Sol; têm massa suficiente para que as forças de gravidade lhes permitam assumir a forma esférica, mas, no entanto, não atraíram pequenos corpos celestes na vizinhança à volta da sua órbita e não são satélites. Plutão passa a incluir-se neste grupo, bem como Éris. Plutão deixou de ser considerado planeta pelo facto de não se verificar a terceira condição. Algumas críticas são levantadas já a este critério de classificação, pois não foi completamente definido o que é:
  • forma quase esférica;
  • eliminação de todos os corpos susceptíveis de se deslocarem nas proximidades.
No ano de 2009 realizar-se-á uma nova reunião da UAI no Rio de Janeiro e talvez haja outras posições a considerar. Até lá são de respeitar as normas de União Astronómica Internacional.
A Terra e os outros planetas telúricos
Os planetas telúricos (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) têm diversas características comuns apresentando, contudo, diferenças importantes.

Nos últimos 35 anos duas revoluções concomitantes ocorreram nas Ciências da Terra, alterando as concepções sobre o modo como se comportam os planetas. Uma foi a tectónica de placas, a outra resultou da visão unificadora proveniente da exploração espacial. Relativamente aos planetas telúricos, apesar das características comuns, foi possível identificar, entre outras, diferenças no que se refere à sua actividade.

Manifestações da actividade geológica
A actividade geológica dos planetas telúricos manifesta-se de modos diversos: por sismos, por vulcões e por movimentos tectónicos, sendo a Terra um dos mais activos. A actividade geológica revela-se de formas muito diversas. Alguns dos agentes modificadores são de origem interna e outros são de origem externa.


Na Terra, a energia solar é o "motor" que acciona os agentes atmosféricos res-ponsáveis pela meteorização e erosão. A presença de água é, sem dúvida, um dos principais intermediários dessas transformações dos materiais terrestres. Ocasionalmente também a Terra pode experimentar o impacto de corpos de dimensões diversas, responsáveis pela formação de crateras de impacto, muitas vezes com subsequentes fenómenos de magmatismo. A actividade terrestre manifesta-se também de forma mais ou menos violenta pelos sismos, vulcões e movi-mentos das placas tectónicas. Devido a este movimento, a litosfera é reciclada lateralmente, sendo gerada nos limites divergentes e destruída nos limites conver-gentes, o que determina que grande parte da sua superfície, em especial a corres-pondente aos fundos oceânicos, apresente uma idade inferior a 200 M.a.

Os fenómenos vulcânicos e sísmicos, relacionados com a mobilidade da litosfera, são consequentemente intensos. Mercúrio e Marte podem ser considerados planetas geologicamente inactivos. No caso de Mercúrio, grande parte da superfície que o recobre apresenta cerca de 4000 M.a., ou menos, tendo a sua evolução terminado aproximadamente há 3000 M.a. A história de Marte é um pouco mais longa, mas tudo indica que essa evolução terá estacionado há cerca de 2000 M.a. Em todos estes planetas podem ser encontrados vestígios de actividade vulcânica, possivelmente desencadeada pela energia cinética de impactos meteoríticos. O calor desenvolvido teria sido suficiente para originar importantes fenómenos de magmatismo. Relativamente a Vénus, esperava-se que este planeta apresentasse grandes semelhanças com a Terra. É quase do mesmo tamanho e certamente com uma composição semelhante, excepto no que se refere à presença de água e à composição atmosférica. A atmosfera de Vénus é muito mais densa do que a atmosfera terrestre, devido à presença de grande quantidade de CO2. O CO2 é um gás que provoca um efeito de estufa, isto é, a energia solar que penetra na atmosfera venusiana permanece sob a forma de calor, elevando a temperatura a cerca de 430 °C. O vulcanismo domina toda a superfície de Vénus, que apresenta muito poucos sinais de erosão. Os mantos de lava e as numerosas falhas apresentam-se como se se tivessem acabado de formar. Toda a superfície parece ter a mesma idade geológica, aparentemente cerca de 500 M.a. Isto significa que a superfície de Vénus só regista cerca de 10% da sua idade geológica. Em Marte existem vestígios de intensa actividade vulcânica. É neste planeta * que se encontra o maior vulcão de todo o Sistema Solar, o monte Olimpo, com 550 km a 600 km de base e 26 km de altura. Apesar de na actualidade não existir água no estado líquido, a superfície de Marte é sulcada por estruturas geológicas provavelmente originadas por correntes líquidas em tudo semelhantes a uma rede hidrográfica com uma nascente, um sistema de afluentes, meandros, ilhas, etc. Os robots Spirit e Opportunity encontraram inúmeros vestígios da existência de água, no passado, em Marte, como, por exemplo, a ocorrência de sulfatos, nódulos de hematite e outros minerais cuja génese depende da existência de água. Os cientistas admitem, então, que devem ter existido em Marte condições climáticas muito diferentes das actuais. Certamente que no futuro ainda teremos grandes surpresas com os resultados das investigações a levar a cabo no planeta Marte. Algumas das características referidas relativamente aos planetas telúricos, como, por exemplo, a história da evolução climática e a não existência de reciclagem da litosfera, que parece ser feita de modo diferente da que ocorre na Terra, continuam por explicar à luz da teoria nebular. A origem e evolução do Sistema Solar é um assunto que continua em investigação. Certamente outras respostas surgirão e, eventualmente, também novas formas de encarar os problemas.

Em Síntese

  • Na Terra, a mobilidade da litosfera determina que grande parte da sua superfície, em especial a correspondente aos fundos oceânicos, apresente uma idade inferior a 200 M.a. Esta mobilidade determina ainda uma grande actividade sísmica e vulcânica.
  • Mercúrio e Marte são, na actualidade, planetas geologicamente inactivos: não têm tectónica de placas e a actividade vulcânica que eventualmente possam manifestar relaciona-se com impactos meteoríticos.
  • Marte foi activo durante um período bastante longo. A sua actividade manteve-se até há cerca de 2000 M.a.
  • Vénus parece ainda activo, com reciclagem na litosfera, mas não da mesma forma que a Terra.

Bibliografia

SILVA, A.D. e outros (2007). Terra, Universo de vida, 10/11º (ano 1). Porto. Porto Editora

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