quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Tempo




Quando era mais novo (datação relativa), gostava de ouvir o tema "Time" dos Pink Floyd. Sobretudo em dias de chuva e cinzentos. "... The sun is the same in the relative way, but you´re older. Shorter of breath and one day closer to death..."


Vem este assunto a propósito do Tempo Geológico e do problema de zeros!!

A unidade de tempo em geologia é, por convenção, o milhão de anos, ou seja, dez mil séculos.

Por convenção 1 Ma = 1 000 000. Nos manuais por vezes aparece ainda 1 G.a, ou seja 1 bilião de anos (1 seguido de nove zeros). Ainda nos manuais, aparece mil milhões de anos! Nada de desesperar mil milhões de anos, é ... 1 G.a., ou seja 1 com nove zeros.


Voltando ao nosso 1 Ma, como dizia um meu professor da faculdade, "para aqueles senhores ali da faculdade ao lado" (referia-se aos colegas da Faculdade de Letras, leia-se História), 1 Ma são dez mil séculos. Trata-se, pois, de um intervalo de tempo muitíssimo grande para a nossa condição humana mas que insignificante, desprezível, face às eras mais recuadas.

"Um milhão de anos a mais ou menos nos primórdios da vida sobre a Terra representa o mesmo grau de indefinição (ou de aproximação) que o “mais ano menos ano” na história do velho Egipto, ou que o “mais ou menos um dia” nos anos das nossas vidas. " in the relative way

Mas o problema destes números piora se o artigo for em língua inglesa, isto por causa dos "bilions" (bilião).
É normal os alunos do ensino básico e secundário sofrerem deste "trauma" dos números.
No mesmo manual aparece escrito por vezes 600 Ma, depois a Terra formou-se há 4,5 mil milhões de anos, e numa tabela vem referência a giga-anos. E o tema complica-se para os jovens de sétimo ano.

Talvez exista o objectivo de mostrar aos nossos alunos que o tempo geológico é complicado, mostrando que é mais fácil acreditar em James Ussher e considerar que a Terra teve a sua criação às nove horas da manhã do dia 26 de Outubro de 4004 a.C. !


Um comentário:

Anônimo disse...

Bom post. Algumas reflexões colega:
Calcular com exactidão a idade da Terra é uma questão muito técnica, mas basicamente dependente do facto dos isótopos naturalmente radioactivos se desintegrarem a uma velocidade constante. Se se conhecer essa velocidade, pode-se medir o total de resíduos do decaimento de uma amostra que se acumularam ao longo do tempo e determinar a sua idade de forma bastante simples. A desintegração radioactiva e o sue uso para datação de amostras geológicas, utiliza diversos isótopos que se encontram nas rochas vulgares e podem ser usados em datação.
Os isótopos de um elemento têm em comum as mesmas propriedades químicas, mas características nucleares ligeiramente diferentes. Nem todos os isótopos são radioactivos, mas aqueles que o são acabam por se dividir, formando novos isótopos de um elemento completamente diferente. Dois dos elementos com isótopos mais radioactivos são o tório e o urânio. Durante a desintegração radioactiva, são transformados em isótopos de chumbo. Assim, parte do chumbo que existe na Terra, bem como em todo o sistema solar, não existia quando a Terra se formou, tendo sido criado no decorrer do tempo geológico, à medida que o tório e o urânio se desintegravam. Em 1950 Clair Patterson, descobriu que os condritos e a Terra teriam sido formados a partir de um material antigo comum há cerca de 4,5 ou 4,6 Ga.
Ficou assim estabelecida uma idade credível para a Terra, além de relacionar a origem do nosso planeta com os outros constituintes do sistema solar.
O número 4,5 Ga diz-se com muita facilidade (4,5 mil milhões). Qualquer estudante de ciências habitua-se facilmente a ele.
Carlos Sousa